Indústria conserveira
A indústria conserveira de peixe teve, até meados da segunda metade do século XX, um papel central na economia e na identidade da cidade de Portimão, empregando largas centenas de pessoas. Para o conhecimento da história desta atividade – nas suas vertentes económica, sociológica e cultural – é indispensável a documentação preservada nos arquivos da Câmara Municipal de Portimão.
O documento em destaque é um valioso instrumento de trabalho para o estudo de uma das mais importantes fábricas de conserva de peixe da Cidade: a Fábrica de São José, fundada por José António Júdice Fialho (Portimão, 1859 – Lisboa, 1934) e construída na Rua de São José, cuja montagem ficou concluída em 1892.
Através dos pormenores desta planta, datada de 7 de abril de 1945 e correspondente ao projeto de reconstrução da fábrica que teria o objetivo de a modernizar e tornar a produção mais rápida e eficiente, é possível reconstituir o que terá sido a estrutura do seu funcionamento.
O acesso principal à fábrica, que dava diretamente para um quintal, fazia-se a partir de uma entrada situada junto à casa do guarda e escritório. Esta disposição permitia um controlo sobre as entradas e saídas da fábrica. Na zona oposta à entrada, estavam situados os depósitos de água, de sal e de salmouras.
A laboração situava-se na metade direita do edifício. Incluía as áreas do descabeço, do enlatamento e do secador; as máquinas de azeitar, as cravadeiras (máquinas de fecho das latas) e os esterilizadores; os cofres e o acesso à casa das caldeiras, à central elétrica e ao depósito de lavagem de grelhas.
Na lateral esquerda encontrava-se um parque com um jardim, em torno do qual se localizavam, sucessivamente, o balneário feminino com sanitários, o vestiário masculino, o refeitório, o balneário masculino com lava-pés, o “hangar” para bicicletas e os sanitários masculinos.
No primeiro andar do edifício, de pequena área, encontravam-se a creche e respetivas casas de banho e o vestiário feminino.
Esta planta revela um percurso produtivo funcional e moderno para a época, permitindo que o peixe circulasse pelas várias fases do processo de forma contínua e eficiente, considerando a separação entre as áreas de produção, apoio aos trabalhadores e serviços administrativos. A organização dos espaços revela preocupação com a eficiência da fábrica e com a higiene e bem-estar dos operários.