Outras memórias
A Dom João II (Lisboa,1455-Alvor, 1495), designado como o “Príncipe Perfeito”, muito se deve da Expansão Portuguesa, um dos feitos mais importantes da história de Portugal. A sua determinação impulsionou a exploração da costa de África, a preparação para a descoberta do caminho marítimo para a Índia e a garantida da supremacia portuguesa nas rotas do Oceano Atlântico com a assinatura do Tratado de Tordesilhas.
Em 1995, ano em que se perfizeram 500 anos da sua morte, a Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses organizou um programa evocativo dedicado ao 13º rei de Portugal, celebrando-se o “Ano de Dom João II”.
Em Portimão foram organizados vários eventos, entre eles uma exposição temporária “sobre Álvaro Pires de Évora organizada pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e a Câmara Municipal de Portimão, é, pois, um acontecimento importante pelo contributo que dá para o conhecimento da História da Arte Portuguesa”. Esta exposição, inaugurada no dia 15 de setembro, esteve patente ao público até ao dia 25 de outubro no Museu Municipal de Portimão.
Embora não exista documentação que fundamente a biografia de Álvaro Pires de Évora, sabe-se, conforme refere a documentação onde está integrado o documento em destaque, que “Grande parte da importante obra de Álvaro Pires de Évora [,] que vive[u] a quase totalidade da sua vida na Itália, encontra-se naquele país, tendo no entanto sido dispersa desde o século XIX noutros países europeus como a Inglaterra e a Alemanha.
Em Portugal não há qualquer Pintura de Álvaro Pires que, no entanto, só foi para Itália já homem feito, o que se atesta não só porque assinou orgulhosamente como Dévora ou De Portugali as suas obras mais marcantes, como pela arte, ao conservar características a que a moderna crítica tem chamado residuais, estrangeiras a Pisa e à própria Toscânia, e que mais não são do que a marca da sua aprendizagem lusitana.”
Este pintor, provavelmente natural de Évora, como sugere a assinatura presente em algumas das suas obras, não foi contemporâneo de Dom João II. Contudo, recebeu destaque nas comemorações desta efeméride por ter sido o primeiro pintor português documentado a trabalhar fora de Portugal, dando projeção ao País, tal como fez Dom João II algumas décadas depois, cuja estratégia de governo afirmou a Nação Portuguesa na cena política e marítima internacional.