Inauguração do Parque de Feiras e Exposições – dia da cidade 11/12/2000
O Parque Urbano de Portimão, situado na Caldeira do Moinho, foi inaugurado a 11 de dezembro de 2000, dia em que se assinala a elevação de Vila Nova de Portimão a cidade, reforçando simbolicamente a relevância deste investimento para o Concelho. Concebido como um marco da modernização urbana, a construção deste parque significou mais uma aposta da autarquia na valorização do espaço público. No âmbito da estratégia global de “Requalificação da Margem Direita do Rio Arade”, o parque surgiu como o primeiro grande projeto municipal deste plano, concebido e desenvolvido sob a gestão direta da Câmara Municipal de Portimão, então presidida pelo Dr. Manuel da Luz. Com cerca de sete hectares e 40 mil metros quadrados de calçada e zona pedonal, o Parque Urbano foi projetado como um espaço amplo e multifuncional, vocacionado para acolher feiras, exposições e outros eventos. O investimento, próximo dos 950 mil contos, permitiu criar uma infraestrutura moderna e aberta à comunidade, com condições para dinamizar a economia local e atrair visitantes. Entre os elementos considerados no projeto destacam-se o espelho de água com ligação ao rio, a fonte em cascata e o edifício polivalente – hoje conhecido como Arena Portimão – que veio dotar a cidade de um equipamento adequado a receber eventos culturais e desportivos e congressos de grande dimensão. A área envolvente foi beneficiada com novas zonas verdes, espaços arborizados e iluminação pública apropriada, contribuindo para tornar o parque mais agradável e seguro. O complexo inclui ainda um parque de estacionamento para cerca de 300 viaturas. Em simultâneo, estava a ser construído um percurso pedonal para estabelecer ligação à zona da marina da Praia da Rocha. Iniciado em 1999, o Parque Urbano de Portimão representou uma profunda transformação da Caldeira do Moinho, permitindo recuperar uma parte da frente ribeirinha e convertê-la num espaço de lazer, cultura e convívio. A sua inauguração no Dia da Cidade marcou não apenas a conclusão de mais um grande feito municipal, mas também um novo capítulo, que pretendia promover a relação de Portimão com o seu território ribeirinho e a prática de usufruir o espaço público de forma mais aberta e dinâmica.
Fábrica Boa Vista
Apesar de a documentação preservada no Arquivo Municipal de Portimão sobre a “Fábrica Boa Vista” ser pouca, esta merece ser lembrada como parte da história da indústria conserveira da Cidade. Esta fábrica, pertencente à Empresa de Conservas Boa Vista, Limitada, e fundada em 1920, situava-se na Rua de São Pedro – toponímia que se mantém até hoje – numa zona fora do centro urbano e afastada do núcleo onde se concentravam as restantes indústrias de conservas de Portimão. A sua localização periférica, fora das áreas habitadas, levou a empresa a criar condições de proximidade para os operários, construindo o Bairro da Boavista junto à fábrica. Este conjunto de habitações, que subsiste, embora tenha sido alvo de intervenções de reabilitação, assegurou durante décadas a estabilidade e a proximidade da mão-de-obra. A construção deste bairro constitui um dos exemplos de como o paternalismo patronal também se fez sentir em Portimão – um modelo através do qual as indústrias ofereciam habitação e outros apoios aos trabalhadores, melhorando as suas condições de vida, mas reforçando simultaneamente a sua dependência em relação à sua entidade patronal. O espaço onde a fábrica se implantava corresponde hoje ao jardim do Centro Comercial Aqua e ao posto de combustíveis adjacente. A chaminé preservada no local é um dos últimos vestígios da antiga “Fábrica Boa Vista”, integrando-se discretamente na atual paisagem urbana, mas mantendo viva a memória da atividade conserveira que ali marcou o território. Entre os poucos documentos existentes destacam-se as plantas e o requerimento de 1944, através dos quais a empresa solicitava à Câmara Municipal de Portimão autorização para ampliar as suas instalações. As peças desenhadas descrevem o prolongamento de duas naves, a construção de um armazém com cobertura em alpendre, a edificação de um muro de vedação interior e a mudança da caldeira, que implicava igualmente a construção de uma chaminé. No total, a ampliação representava cerca de 370 m² de área adicional. A memória descritiva refere o recurso a alvenaria de pedra e tijolo, telha marselha e armação de madeira de pinho, revelando um investimento significativo numa unidade fabril que procurava expandir-se e acompanhar a modernização do setor conserveiro. Evocar a indústria conserveira de Portimão é preservar a memória de um tempo em que o ritmo da Cidade era marcado pelo labor destas fábricas e pelo quotidiano das famílias que delas dependiam.
Concerto de Natal
A realização de concertos em igrejas assume um significado particularmente profundo. Estes templos, pela sua acústica peculiar e pelo ambiente de recolhimento, concentração e contemplação que proporcionam, elevam a experiência musical a uma dimensão espiritual e emocional mais intensa. Neste cenário, a música adquire maior solenidade e convida ao despertar de emoções. Também neste contexto, os concertos que interpretam repertórios tradicionais de Natal evocam o verdadeiro sentido religioso, cultural e simbólico da quadra natalícia, sendo apreciados com especial sensibilidade. É neste espírito que se enquadram os Concertos de Natal apresentados na Igreja Paroquial da Mexilhoeira Grande. O programa aqui destacado refere-se ao concerto realizado a 22 de dezembro de 2001, apresentado em duas partes distintas. A primeira foi interpretada pelo Quarteto de Cordas composto por Raquel Sofia de Almeida Massadas, Sebastian See-Schierenberg, Paula Fernandes e Jeremy Lake, com duas peças associadas à celebração natalícia, “Concerto Grosso de Natal” de G. F. Händel e “Concerto Grosso de Natal” de A. Corelli. Na segunda parte, a soprano Joaquina Ly, acompanhada pelo mesmo quarteto, interpretou “Gaudeamus omnes” de Tarquínio Merula, “Laudate pueri Dominum” de António Vivaldi, “Oratório de Natal” de J. S. Bach, bem como “Süße Stille, sanfte Quelle” e “Meine Seele hört im Sehen” de Händel. O concerto encerrou com dois excertos da obra “Messias”, também de Händel: “I know that my Redeemer liveth” e “If God be for us”. A realização deste concerto na Igreja Paroquial da Mexilhoeira Grande demonstra e reafirma o papel das igrejas também como espaços onde religião e cultura se encontram, e onde a música não só eleva o ambiente litúrgico como também fortalece os vínculos religiosos e comunitários.