1961
A Fortaleza de Santa Catarina é um dos edifícios históricos mais emblemáticos da cidade de Portimão. A sua construção remonta ao início do século XVII, no local onde outrora se erguia uma pequena ermida com o mesmo nome. Erigida com o propósito de defender Vila Nova de Portimão e Silves, a fortificação tinha como objetivo impedir a entrada de inimigos pelo rio Arade. Ao longo de mais de quatro séculos de existência, este monumento de arquitetura militar foi alvo de várias intervenções de reconstrução e reabilitação. Algumas ocorreram na sequência de catástrofes naturais, como terramotos, outras resultaram da evolução da cidade, procurando adaptar o espaço aos diferentes usos a que foi sendo destinado. A promoção turística da Praia da Rocha, impulsionada pelas suas excelentes características balneares, ganhou expressão a partir da década de 1940. A Fortaleza de Santa Catarina assumia-se, então, como um elemento de atração, testemunho do património histórico e cultural da região, num turismo que evoluía de década para década. Neste contexto, em 1961, a Câmara Municipal de Portimão, decidiu “embelezar um troço da Falézia, junto à Fortaleza de Santa Catarina da Praia da Rocha, ao mesmo tempo que cria mais um logradouro público”. Para concretizar a pretensão, o presidente da edilidade, Rogério dos Reis Alvo, solicitou ao Ministério das Obras Públicas através da Direção-Geral dos Serviços Hidráulicos, a cedência do terreno, enviando um exemplar do projeto contendo “devidamente indicada a parcela de terreno do Domínio Público Marítimo, a ceder a título gratuito”, cuja planta desenhada aqui se divulga. A construção “dum jardim rústico […] na falésia junto à Fortaleza de Santa Catarina, na Praia da Rocha”, foi iniciada em janeiro de 1962.
2005
Ao longo dos seus quinhentos anos de história, a Igreja Paroquial da Mexilhoeira Grande, também conhecida como Igreja de Nossa Senhora da Assunção, bem como a sua envolvente, têm sido alvo de diversas intervenções de reconstrução, conservação e reabilitação, com o propósito de preservar o seu valor histórico e patrimonial e assegurar a sua integração na vivência quotidiana da comunidade local. Em 2005, a Câmara Municipal de Portimão promoveu um projeto de requalificação urbana da área envolvente da Igreja, com o objetivo de criar um espaço público de qualidade, funcional e agradável para residentes e visitantes, contribuindo, uma vez mais, para a valorização do seu património. A intervenção abrangeu uma área de aproximadamente 2.272 m², tendo incluído a pedonalização do átrio da Igreja, a reestruturação dos acessos e a criação de zonas de lazer e permanência. Foram demolidos muros, requalificados os pavimentos e instaladas infraestruturas de apoio, como sanitários públicos, instalações de apoio às festividades, alguns lugares de estacionamento e mobiliário urbano. A proposta procurou “ainda cuidar aspetos relacionados com a valorização, integração visual e paisagística do edificado existente na envolvente” e proceder à “integração de parte da vegetação arbórea […] existente”. O projeto promoveu também o conforto climático, a segurança dos utilizadores e a plena acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida. Esta intervenção representou, assim, mais um importante contributo para a salvaguarda da identidade cultural da Mexilhoeira Grande, reforçando a centralidade da Igreja como espaço de encontro, contemplação e vivência comunitária.
1963
Na madrugada de 5 de fevereiro de 1963, deflagrou um incêndio na fábrica de conservas de peixe da Empresa Fabril de Conservas, Lda., situada na Rua de São José, propriedade de herdeiros de Manuel Gaspar Patrocínio. Dois dias depois, o semanário Comércio de Portimão noticiava que o fogo “originou a destruição total da parte da fábrica onde se encontrava instalado o escritório, causando avultados prejuízos, uma vez que naquela parte do edifício tudo ficou reduzido a cinzas”. A Empresa Fabril de Conservas, Lda. não tardou a iniciar a reconstrução das instalações afetadas, nomeadamente “contruir um novo escritório em alvenaria, em substituição do anterior, em madeira”. A 5 de março do mesmo ano, o engenheiro civil Carlos Filipe Pinto Pimentel, com o projeto já elaborado, submeteu à Câmara Municipal de Portimão o respetivo pedido de licença para a realização das obras. Segundo a memória descritiva que acompanhava o pedido, a empresa, tendo em conta o elevado número de trabalhadores ao seu serviço, decidiu também aproveitar a ocasião para melhorar as condições de apoio aos operários. Para tal, propôs a reconversão de um antigo armazém com cerca de 90 m², localizado no quintal da fábrica, num refeitório equipado com cozinha e instalações sanitárias. Estas incluíam bases para banhos — ainda que sem fornecimento de água quente — destinadas a ambos os sexos. Da planta que integrava o projeto, observa-se que foi atribuída maior área às instalações de higiene femininas, o que sugere que a maioria dos operários da unidade fabril seria composta por mulheres. No dia 19 de março de 1963, foi concedida pela Câmara Municipal de Portimão a licença de construção nº 132. Concluídas dentro dos 90 dias de prazo estipulado para a sua realização, as obras estavam concluídas em 22 de junho de 1963.